sexta-feira, 12 de agosto de 2011

[re]comenda | Cidade Submersa
Resultado de um processo de três anos, espetáculo que marca a estreia da companhia Impulso Coletivo será apresentado gratuitamente no C.C.J. Ruth Cardoso.

“Cidade Submersa” - Origem
O Projeto “Cidade Submersa” teve início em 2007, e veio da busca sobre o qual tema seria abordado no primeiro espetáculo da companhia Impulso Coletivo. Nesse processo, partiram para uma pesquisa sobre “desmemorização”, ou a perda de importância e significado desta, a memória, na sociedade atual em que a velocidade, o individualismo e o consumismo desenfreado abrangem até as trocas afetivas. O descontentamento provocou “o olhar” para os lugares impregnados de memórias de outros tempos históricos e pessoas esquecidas, que não interessam para a sociedade, resgatando a tradição oral nas trocas e também de pessoas que esquecem, com a investigação da condição degenerativa do Alzheimer.

Após um ano de pesquisa, encontraram a Vila Itororó e seus moradores, local que sintetiza todas as reflexões, leituras e idéias que serviram como temática para esse espetáculo.

“Cidade Submersa” propõe a reflexão sobre o patrimônio histórico, compreendendo-o não apenas como arquitetura e documento escrito, mas como memória oral, simbólica, cultural e social. A especulação imobiliária, o esvaziamento do espaço público e a busca desenfreada pelo progresso são alguns dos agentes do desenvolvimento da metrópole que intensificam o processo de alienação dos habitantes com relação ao percurso histórico da cidade e seus referenciais identitários.”

Sinopse
A peça conta a história de Eliseu e Virgílio, dois personagens idosos e amigos de infância, que acabaram de se reencontrar depois de muito tempo sem se ver. Eliseu sofre de Alzheimer e hoje vive num asilo. A visita de seu amigo faz com que relembrem e reflitam sobre o lugar onde cresceram, que vem sofrendo grandes transformações. Para reencontrar este local guardado na memória, saem pela cidade se confrontando com suas contradições e mudanças. Ao se depararem com este lugar, (des) caracterizado pelas novas construções e dinâmicas sociais, procurarão estabelecer uma outra forma de se viver na cidade.

No espetáculo, há ainda depoimentos colhidos na Vila Itororó, vila histórica da década de 20, localizada na Bela Vista, em São Paulo, exemplo de um lugar que vem sofrendo um processo de abandono, descaracterização e mesmo negligência do poder público.

“Cidade Submersa” teve sua estreia em maio de 2010, na Casa das Caldeiras, São Paulo, local onde cumpriu uma temporada de quatro semanas. Em 2011, o espetáculo teve apresentações em Mogi das Cruzes e Suzano, e também foi selecionado no edital 2011 de ocupação dos teatros distritais da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

A Encenação
Os componentes estéticos do espetáculo visam estabelecer uma relação profunda de afetividade entre os atores e o público. Assim sendo, o espaço de representação se configura pela inserção do espectador no mesmo, quebrando a convencional dualidade de palco-platéia para estabelecer uma relação mais direta e em diálogo constante com a cena. Este público envolvido e compartilhando do mesmo espaço dos atores não somente contempla a ação que se desenrola na sua frente, mas pode também fazer parte da cena, da dramaturgia e tornar-se elemento cenográfico.

Por se tratar de um espetáculo sobre memórias da cidade de São Paulo, e com objetivo de tornar este espaço ainda mais expressivo e elemento fundamental de composição da dramaturgia, a companhia Impulso Coletivo optou por um espaço não-convencional: a Casa das Caldeiras.

As técnicas de representação serão alternadas entre duas opções estéticas: o realismo, proveniente das entrevistas com os moradores e a observação de suas ações cotidianas; e o teatro físico, onde os atores criam cenas com características e signos mais subjetivos, baseadas na predominância da linguagem corporal, construindo uma linguagem mais poética. A fricção entre estas duas tendências caracteriza esta obra como experimental.

Cenário
A proposta espacial cenográfica do espetáculo apresenta-se como uma instalação cênica em espaços da cidade que representam o conflito entre as relações de usos formais e informais, produtos do processo de desenvolvimento urbano.

Composta de objetos de uso diário (cadeiras, escadas, roupas, janelas, portas, mesas, etc), dispostos no espaço de forma entrelaçada como um objeto tridimensional, a cenografia configura-se como uma instalação cênica, desempenhando sua função como objeto de interação em cena com os atores, suporte para projeções de imagens e vídeos e diálogo com a sonoplastia.

O projeto de cenografia apresenta-se como um labirinto multidimensional feito de restos de móveis que formam escadas, níveis e planos para atuação, composto também por retalhos e restos de roupas que abraça a estrutura, podendo também serem utilizados como extensão dos figurinos e corpos.

Figurinos
O figurino, assinado por Viviane Kiritani, é uma composição que busca um corpo sem gênero definido, feitos com restos de roupas antigas e com uma modelagem contemporânea, onde o uso transforma a forma e confere um híbrido corpo- indumentária-personagem, calcado em pesquisas nos parangolés de Hélio Oiticica e na construção dos origamis.

A Cia
A companhia Impulso Coletivo formou-se em 2007 por Jorge Peloso e Marília Amorim, alunos egressos do curso de Educação Artística, com habilitação em Artes Cênicas do Instituto de Artes da UNESP, com o objetivo de pesquisar práticas que potencializem as capacidades corporais, vocais e criativas do ator. Para isso partiram de um treinamento corporal que visava gerar uma expressividade distinta da usada no cotidiano.

Durante este percurso integraram-se ao coletivo uma diretora de arte (Viviane Kiritani) e uma fotógrafa e vídeo-artista (Alicia Peres), que compõem este coletivo artístico como um espaço de criação multimídia.

FICHA TÉCNICA // Cidade Submersa
Concepção - Impulso Coletivo
Direção - Jorge Peloso
Elenco - Jorge Peloso e Marília Amorim
Dramaturgia - Dorberto Carvalho e grupo
Concepção e Colaboração musical - Verlúcia Nogueira
Direção de arte - Vivianne Kiritani e grupo
Comunicação e registro - Alícia Peres

Cidade Submersa
Local: Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso - Teatro de Arena
Endereço: Av. Deputado Emílio Carlos, 3641 - Vila Nova Cachoeirinha - Tel.: 3984-2466
Quando: 20 de agosto, às 20h // 21 de agosto, às 18h
 
Entrada Gratuita - Retirar ingresso com uma hora de antecedência
Capacidade - 150 lugares
Classificação - 12 anos

Fonte: spcultural.com

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