segunda-feira, 8 de agosto de 2011

#CulturaNegra
Por Leonardo Brant

Trago uma proposta e uma discussão política sobre a #CulturaNegra. Parto do princípio que toda a cultura produzida no Brasil é negra. Não consigo e não desejo separar os vestígios, indícios, origens, presenças e legados africanos da produção cultural atual.

#CulturaNegra, para mim, é aquela protagonizada pelo negro. Quando ele deixa de ser o objeto retratado da ação cultural para ser o protagonista de sua história, com seu olhar e vivência, próprios de quem sofre na pele o preconceito de uma sociedade dissimulada, que não produz qualquer instrumento de reparação às injustiças sociais centenárias em relação à sua população negra.

O negro precisa empresariar sua ação cultural. Precisa dar as cartas, negociar, dizer como as coisas devem ser. E precisa roteirizar, criar sua dramaturgia, sua linguagem, sua dinâmica sociocultural. Só assim será capaz de alterar as regras do mercado, ampliando espaço para temas, modos de vida, saberes, próprios de uma cultura que, em pleno século XXI, ainda vive encoberto por uma couraça opressora da mídia, das instituições cuturais, da academia e do mercado.

O resto é senzala!

Não tenho dúvida: precisamos reservar espaço e dinheiro para artistas, empreendedores e gestores negros. Sem orçamento e prioridade, continuaremos reproduzindo o antigo modelo escravocrata, com o andar de baixo reservado à população negra, enquanto o branco, por cima, dá as cartas.

A Fundação Palmares é uma conquista, mas não tem dinheiro e estrutura para lidar com uma demanda tão grande quanto a #CulturaNegra, que deve ser tratada como prioridade do Estado brasileiro, como um todo, e do Ministério da Cultura, em particular.

O Procultura está em fase de discussão. É preciso reservar orçamento para proponentes negros. E ajudar a reconstruir o nosso mito fundador.

Viva a #CulturaNegra!

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