terça-feira, 22 de novembro de 2011

Designer faz cadeira de PET em projeto criativo
Seguindo essa tendência, a designer carioca Taíssa Xavier desenvolveu a cadeira “Cinderela”, feita de garrafas PET e caixotes de feira


No mundo do design, a cadeira é considerada uma peça icônica, podendo contextualizar o estilo de um movimento artístico e até mesmo simbolizando o que pensa uma geração. Seguindo essa tendência, a designer carioca Taíssa Xavier desenvolveu a cadeira “Cinderela”, feita de garrafas PET e caixotes de feira, representando com a peça influências do pensamento ambientalista de reutilizar materiais aliando espontaneidade às técnicas.
A cadeira foi desenvolvida como projeto de conclusão de curso em desenho de produto pela UniverCidade e serve como mais uma evidência de que o design com materiais reaproveitados pode atingir altos patamares de qualidade e valor agregado. 


Taíssa Xavier conversou a respeito das ideias envolvidas em seu projeto criativo.


Por que você começou a experimentar materiais alternativos em seus trabalhos na faculdade?
Por respeito à natureza. Reutilizar materiais era uma forma de poupar os recursos naturais.


De acordo com sua experiência, como é a realidade sobre a reutilização de materiais nas faculdades de design com que teve contato?
Algumas faculdades aceitam o assunto melhor do que outras. Essa foi a impressão que tive por meio de amigos, estudantes de outros lugares. Durante o curso, algumas matérias incentivaram a ideia, mas quando ela foi direcionada a um trabalho de conclusão, praticamente negaram a minha proposta.


E qual a justificativa que te deram?
Basicamente, que a reutilização de materiais ainda está muito ligada ao artesanato. Normalmente, nessas avaliações, o produto reutilizado é interessante por seu tipo de material e não por ser um bom produto. O grande medo dos meus professores era que o resultado ficasse com cara daquele “lixo arrumadinho” que virou uma coisa “engraçadinha”, sabe? Isso porque eu estava em uma escola de design e não de artes ou artesanato.


Quais foram os materiais alternativos com que você teve contato e experimentou?
Tive contato com o bambu e a resina de mamona. Mas o que eu mais gostava de fazer era pegar o “lixo” e trabalhar com ele. Nesse sentido, o que eu mais utilizei foram garrafas PET, jornais e caixotes de feira (madeira).


É certo chamar esses materiais de ecológicos?
Na verdade, não. Ecológica é a atitude de reutilizá-los.


O que você entende por design sustentável?
Quando a produção do produto desejado fecha um ciclo. Somente a utilização de materiais ecológicos, reutilizados ou reutilizáveis, não adianta para um produto ser sustentável. Isso é apenas um detalhe da sustentabilidade. Todas as etapas que envolvem a produção desse produto devem ser ecologicamente pensadas; a necessidade de água, energia elétrica, transporte, embalagem, a destinação dos resíduos, a propaganda… Enfim, acredito que para alcançar um design totalmente sustentável é necessário uma estrutura muito pensada composta de pessoas dispostas a “vestir a camisa”.




Explique o seu projeto final.
A cadeira é um grande símbolo do design, portanto resolvi terminar o ciclo universitário com esse desafio. Uma cadeira de PET não era nenhuma novidade, o ponto principal seria estruturar as garrafas de modo que não necessitassem ser escondidas e muito menos comparadas com o “lixo arrumadinho”. Minha intenção era desenvolver uma cadeira ousada, com personalidade forte e sincera porque assume do que é feita! Meu embasamento foi a união da arte, com o artesanato e o design. Utilizei ao redor de cem garrafas e alguns caixotes de feira. As garrafas foram amassadas e os caixotes desmontados, assim criei placas de madeira com as ripas. O nome de batismo “Cinderela” surgiu da comparação com o conto de fadas. A gata borralheira que era menosprezada como o lixo e acabou se transformando em uma princesa.


Como se dividiu a opinião dos jurados da monografia?
Os que se mostravam completamente contra o pré-projeto tiveram que aceitar e os torcedores soltaram os elogios!


Como é viver de maneira criativa em sua opinião?
Estava pensando na palavra criatividade e a entendi como a “atividade de criar”. Viver de uma forma criativa é estar sempre buscando novas respostas, novas formas de reagir ao mundo, pensando na evolução, quebrando os paradigmas e não usando as velhas “cartas na manga”. Assim, podemos surpreender a nós mesmos, ao mundo e alargar os nossos limites positivamente.


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