terça-feira, 8 de novembro de 2011

Venho lutando pela presença do sax na música, afirma 'musa do jazz'
Artista holandesa tocou em SP nesta segunda (7) e toca no RJ nesta quarta (9).
Candy Dulfer já colaborou com nomes como Prince, Pink Floyd e Beyoncé.

 
A certa altura da conversa, a entrevistada passa a enumerar os artistas com os quais já trabalhou: “Van Morrison, Pink Floyd, Aretha Franklin, Beyoncé – e ela é tão legal...”. O fato de, em meio a tantos notáveis, Beyoncé ter sido a única a merecer um comentário específico diz muito sobre Candy Dulfer, a saxofonista holandesa que toca nesta segunda (7), no Teatro Bradesco, em São Paulo (SP).

Mas o que, afinal, explicaria o entusiasmo ao falar da esposa de Jay-Z? Uma hipótese possível é a identificação: Candy é frequentemente descrita como “musa do jazz”.

E basta olhar suas fotos de divulgação para entender que ela sabe tirar proveito dessa imagem. Embora não chegue a fazer poses tão ousadas quanto as da cantora de “Single Ladies”, Candy se mostra confortável diante da câmera. Dificilmente alguém lhe daria os 42 anos que tem. Mas na entrevista concedida ao G1, por telefone, ela não quer falar muito sobre isso.

Candy não parece propriamente incomodada com o tema, mas prefere destacar dotes musicais. Bem humorada, brinca que é uma espécie de “militante do saxofone”. “Eu gosto que usem o instrumento. No pop, eu acho que poderia ter mais, e definitivamente luto por isso”, afirma, listando as inúmeras parcerias de sua carreira: Blondie, Dave Stewart (do Eurtythmics), Chaka Khan, Joey DeFrancesco...

Tanto quanto se colocar em boa companhia, Candy transparece um desejo de se definir musicalmente, ao falar dessas colaborações. “Eu não tenho fronteiras, misturo muitos estilos, assim é minha música.” Trata-se de uma postura, ela prossegue, que vem de berço. Seu pai é um músico conhecido por agregar ao jazz estilos como R&B, disco, funk e diversos outros. Candy herdou dele o instrumento e a disposição para “burlar a tradição”. No caso dela, sobressai o “pop”, termo repetido várias vezes durante a entrevista.

Candy Dulfer, que toca desde os seis anos de idade, lançou seu primeiro álbum em 1990. Chama-se “Saxuality”, teve boas vendas e rendeu indicação ao Grammy. Na mesma época, trabalhou com Prince – aparece, inclusive, no vídeo de “Partytime”. Ela recorda esse tipo de coisa quando perguntada sobre “a recuperação de status do saxofone”, que tem aparecido em sucessos do pop de dias de hoje, como “The edge of glory”, de Lady Gaga, e “Last friday night”, de Katy Perry.

Candy sente-se satisfeita com a “justiça” que se vem fazendo com o instrumento, responsável involuntário por alguns dos instantes mais questionáveis da música popular de décadas passadas. Mas insiste em considerar que nunca se deixou abater por isso. Mesmo porque buscou manter aguçado o seu próprio senso de oportunidade. “Não sei como é no Brasil, mas as rádios por aqui não tocam jazz, só pop. E eu não tenho problemas em tocar pop songs”, observa, acrescentando o clichê de que “música boa é sempre música boa”.

Além de São Paulo, Candy Dulfer toca no Rio de Janeiro (RJ), nesta quarta-feira (9). Os shows marcam o encerramento da quinta edição série Jazz All Nights, que neste ano trouxe ao Brasil Bobby McFerrin, Branford Marsalis e Esperanza Spalding. Veja, abaixo, detalhes das duas apresentações.

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