quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Chegamos a festivais estrangeiros enviando e-mail, diz músico do Holger
O quinteto paulistano de rock Holger alcançou em 3 anos o objetivo (às vezes sonho) de muitas bandas. Começaram tocando em pequenas casas noturnas de São Paulo, em 2008, excursionaram pelo país, se apresentaram em festivais por aqui, e – a glória! – em palcos internacionais. Tudo sem ajuda de uma grande gravadora, “enviando e-mails”.

Seus relatos, acertos e enganos que cometeram nos primeiros shows, ajudam a entender as dificuldades pelas quais uma banda passa quando ainda não tem experiência. Suas dicas são valiosas para jovens que não querem ter uma guitarra roubada durante a desmontagem do palco ou passar maiores constrangimentos em frente ao público.

O 1º show do Holger foi num clube noturno paulistano chamado Livraria da Esquina. A casa está localizada na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, é pequena e conta com um palco modesto. “Conhecíamos o pessoal de lá e conseguimos organizar um pequeno festival, exibimos curtas, fizemos uma exposição de fotos”, conta Pedro “Pepe” Bruno, 24 anos, um dos integrantes.

Criatividade pode ajudar. Eles já usaram balões amarrados ao microfone e um boneco de urso em alguma das apresentações. Improviso também, caso do banho de cerveja sobre o palco (eles dizem que o público gostou nas vezes em que aconteceu). Assistir a shows de bandas mais experientes sempre ajuda.

“É importante frequentar as casas, conhecer as pessoas e o tipo de som que toca em cada lugar. No começo fomos enviando e-mails com nossa demo”, diz Pedro. Para conseguir esse tipo de contato, saem na frente grupos que têm bom relacionamento com a equipe de clubes. Ser um frequentador constante faz a diferença.

Depois há outra dica essencial, dada por Marcelo “Tché” Vogelaar, 23. Ter material gravado, um CD ou página na web com algumas faixas, para mostrar aos organizadores. Não precisa ter acabamento profissional. “Esses caras recebem mil e-mails por dia, então você precisa ter alguma coisa para mostrar”, diz.

A tática garantiu as primeiras datas do grupo, sempre em clubes da cena alternativa da cidade: Milo Garage, Funhouse, Berlin... No começo, o repertório era enxuto. Tinham apenas 6 músicas e garantem que, com pelo menos 4 faixas, já dá para começar a tocar ao vivo. Aos poucos, foram incluindo material novo.

Bernardo Rolla, 26, outro integrante, fala sobre como organizar esse repertório. “É muito importante escrever a setlist [lista das músicas] antes do show. Não tem nada mais tosco para uma banda que parar no meio da apresentação enquanto combina qual vai ser a próxima música”, diz. E ainda oferece outro conselho rápido: “prenda bem a cinta da guitarra!” De preferência, tenha uma fita adesiva à mão.

Cachê e cuidado com equipamento
É natural que o dinheiro pago pelas casas nos primeiros shows seja pequeno... Se a divulgação for boa, vale tocar de graça. Ou recebendo o suficiente para uma rodada de cerveja aos amigos que foram prestigiar seu desempenho (nem sempre é fácil). “Chame colegas, mãe, pai... Faça de tudo para não tocar para uma plateia vazia”, recomenda Marcelo “Pata” Altenfelder, 24 anos.

“Uma coisa essencial é pedir a opinião das pessoas depois do show”, diz. Os membros do Holger sugerem que, depois de guardar os equipamentos (passo importante para não ser roubado e tomar prejuízo), você se junte ao público e pergunte o que as pessoas acharam. E se tudo sair errado numa noite, não se preocupe. Toda banda de rock tem dias ruins.

Seja profissional
O músico e produtor Sérgio Ugeda, 30 anos, já trabalhou agenciando bandas, inclusive em festivais internacionais, como o South by Southwest, no Texas (em que o Holger tocou). Na opinião dele, força de vontade e iniciativa ajudam, mas é preciso mais.

“Só enviar e-mail não funciona. Você precisa se aproximar de pessoas que conheçam organizadores, gente que entenda a banda. É através dessas pessoas que você acaba encontrando o caminho. Comunicação é importante, e o Holger é bom nisso.”

Ele avisa, por exemplo, que é preciso de algum dinheiro em caixa para começar. “Não vão pagar sua viagem, estadia. Então, para o começo, eu recomendo que a banda procure fazer shows em sua região.” E, sempre que possível, colocar todo tipo de acordo no papel.

“Você precisa tornar a relação o mais profissional possível. Quando der, assine contratos. E trabalhe apenas com alguém em que você confie muito, sempre.”

Fonte: globo.com

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