sexta-feira, 22 de junho de 2012


O PAPEL DO PRODUTOR MUSICAL
Por Fabio Alba


Me lembro das minhas primeiras gravações em estúdio profissional, ainda na primeira metade dos anos 90. Foi durante essas gravações que começou a pintar em mim a vontade de ser produtor. Sempre gostei da parte técnica, dos equipamentos, dos microfones, da mesa de som. Mas o que mais me fascinava era a possibilidade de criar sonoridades diferentes para as músicas. Naquela época eu ainda não sabia exatamente o que era produzir um disco, mas já dava minhas cabeçadas.

No meu artigo de hoje, vou deixar as polêmicas de lado e vou colocar aqui alguns toques para aqueles que pretendem entrar nessa carreira difícil, mas muito gratificante. Antes de mais nada, precisamos diferenciar produtor de técnico de gravação e mixagem. São duas coisas distintas.

O produtor é o profissional responsável pela estética artística do disco. Ele não precisa necessariamente ser um grande músico, mas precisa ter um ouvido altamente treinado, principalmente em relação a timbres. A grosso modo, ao contratar um produtor, você está contratando o seu bom gosto (ou mau gosto, no caso de alguns). Ele será o responsável pela identidade do seu disco, e para isso, precisa ser um cara muito antenado culturalmente. Precisa ouvir, assistir e ler de tudo.

Diferentemente dos técnicos de gravação e mixagem, os quais com bastante estudo e dedicação é possível tornar-se um bom profissional, para ser um bom produtor é necessário um dom a mais, principalmente para lidar com os egos dos artistas, pois em muitos momentos, cabe ao produtor dizer ao músico o que ele deve ou não fazer. É preciso muita perspicácia nessa hora, para que a relação com o músico continue produtiva.

Uma boa relação entre artista e produtor é fundamental e essa relação não é construída apenas dentro do estúdio. Você entregaria sua música para ser produzida por uma pessoa a qual você não teria coragem de comprar um carro usado? Por isso é fundamental a cumplicidade entre artista e produtor e o artista precisa dar liberdade total para o produtor trabalhar, pois caso contrário, invariavelmente o disco não ficará bom.

Posso garantir que os trabalhos que mais tenho orgulho de ter produzido são justamente os que tive 100% de liberdade pra trabalhar. São trabalhos em que os artistas confiaram totalmente em mim e me deixaram à vontade.

Ah, antes que eu me esqueça: técnicos de gravação e mixagem não são necessariamente produtores. São profissionais competentes e que entendem de toda parte técnica, que muitas vezes o produtor não domina 100%. Mas atualmente, com a competitividade cada vez maior do mercado, está tornando-se cada vez mais imprescindível o domínio de toda a parte técnica inerente ao processo de gravação por parte dos produtores.

A partir da próxima semana começarei a contar alguns episódios que já presenciei dentro de um estúdio, como forma de ilustrar o dia a dia (muitas vezes não tão romântico como alguns imaginam) de um produtor musical.

soltaopause.com.br 

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