quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A arte de se fazer representar
Artista taubateano que se dedicou ao teatro e ganhou o Brasil levando a arte de representar pelos inúmeros festivais.

Juntando em um só grupo arte-educador, atores, profissionais e produtores culturais, não poderia sair desse apanhado uma companhia com um nome tão sugestivo como a “Compa­nhia do Sol de Taubaté”.

A trupe é comandado pelo ator Alexandre Vilela com mais de 20 anos de insistência na pro­fissão. Vilelas é um dos poucos artistas que faz da arte um modo de vida. Artista taubateano que se dedicou ao teatro na cidade de Pindamonhanga­ba e ganhou o Brasil levando a arte de represen­tar pelos inúmeros festivais de nosso país.

Aos 10 anos de idade, Villa já trabalhava fa­zendo uma participação junto a Turma do Piru­lito, onde vestido de azul interpretava um dos famosos Smurf, dai em diante como o próprio artista disse “A vida seria toda azul”. Em sua tra­jetória, o arte-educador como gosta de ser cha­mado, já soma mais de 30 cursos na área artísti­ca. Com a palavra o Artista Alexandre Villa.

BATE PAPO

[AR.V] Fale tudo que você gostaria de falar em prol da arte em nossa região.
Em primeiro lugar acho utópico a união dos artistas, mas continuo acreditando e lutando por ela. Embora eu seja contra a “esperança” (acho que ela acabou com a América Latina), ela é algo que não consigo abandonar (rs). Mais do que uma união total, eu acredito sim na parceria entre as pessoas que desejem fazer algo de fato pela cultura.

Hoje temos diversos problemas relacionados à cultura como financiamentos, espaços públicos insuficientes, falta de interesse civil e governa­mental, etc... Isso é reflexo de anos de descasos que vem desde o Brasil colônia. Arte e a cultura sempre foram objetos de entretenimento das cortes. Este costume acabou por se perpetuar de diversas outras formas. O fato é que a sociedade não acha a cultura seja um fator preponderante por dois motivos: não há interesse da sociedade civil, pois nossas prioridades estão relacionadas as necessidades básicas de sobrevivência, e não há interesse por parte de nossos governantes, pois um povo sem cultura é mais fácil de mani­pular. Isso é um lugar comum, mas é fato.

Acredita-se, erroneamente, que o problema e a solução para nosso país é a educação. Não é. Assim, durante muito tempo eu acreditei que a solução estava na cultura, pois a educação instrumenta, dá ferramentas para ao individuo para que ele possa viver, mas é a cultura que irá ajudá-lo a dar uso a estas ferramentas.

Hoje eu penso que a solução está no amor. Parece bobo, mas não é. O amor que falo não é este sentimento carregado de romantismo e pieguice, mas um sentimento superior e mais sublime, que nos enlaça enquanto humanidade. Um conceito mais filosófico (que nem leva este nome). Pois se nos amamos enquanto seres hu­manos, nos preocupamos com o outro. A partir disso, diversos problemas são resolvidos: se os governantes amam seu povo, vão fazer de tudo para que tenham uma boa saúde, alimentação decente, etc... Se o cidadão ama seu próximo, ele se engaja para resolver problemas, por que na verdade são problemas dele também. Ai che­gamos de fato em uma questão política, no sen­tido grego de “polis/politiké/politikós”, ou seja, toda a relação que se dá entre os que se convi­vem – coletividade. Hoje um grande ativista nes­se sentido é o Dr. Patch Adams, que defende o amor como matéria obrigatória nas escolas. E se amos o outro, respeitamos seus costumes e suas origens, ou seja, sua cultura.

Outro problema da cultura é justamente o entendimento que se têm da palavra. No sen­so comum, cultura está relacionada à erudição, mas está muito ale disso. Segundo Edward B. Tylor, cultura é “aquele todo complexo que in­clui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Sem este entendimento qualquer estratégia, qualquer plano, qualquer coisa que se queira fazer pela cultura será ineficiente e paliativo. É preciso que o conceito cultura seja entendido por todos, assim o acesso a ela é fa­cilitado, e mais pessoas terão contato com bens culturais que ainda não tiveram oportunidade. Ai sim, o cidadão pode reivindicar este acesso. Ninguém luta por aquilo que não sente alta, nin­guém sente falta daquilo que nunca teve.

Além destes problemas, há ainda questões de irresponsabilidades, egos, e interesses pesso­ais que permeiam as relações entre os artistas, e também nas esferas governamentais em todas as suas estâncias. Veja bem, não estou generali­zando, há muita gente interessada em um bem comum, tanto na sociedade civil quanto no po­der público. Prova disso é toda a movimentação que têm ocorrido em prol da cultura.

Mas há muitos descasos de ambos os lados. É por estes motivos que deixei de ser um homem de teatro para ser um ativista cultural. Mas ape­sar de todos os problemas, as soluções têm apa­recido e contribuído para a solução de muitos problemas. Nossos próximos passos agora são no senti­do da aprovação da lei que institui o Conselho de Cultura, e da Lei Municipal de Cultura. Quero encerrar aproveitando para fazer um apelo ao prefeito de Taubaté, para que encaminhe estes projetos de Lei para a câmara municipal, pois foi um trabalho árduo feito pelos artistas locais du­rante dois anos, e que agora depende somente da vontade política em nossa cidade.

Por Emilio Millo

Nenhum comentário:

Postar um comentário