quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O segredo de Arícia Mess
Quando jovem, me incomodava ouvir que tal canção tinha uma “versão definitiva” na voz do intérprete X. Dava-mea impressão de coisa imutável, petrificada, inalcançável para as gerações seguintes. Um ponto de vista conservador, contra o novo.

Com o tempo, percebi que isso nada mais era que um baita elogio. Não exclui necessariamente a concorrência, mas estabelece um parâmetro, um degrau difícil de alcançar. Depois, mergulhando mais fundo na música brasileira, me rendi ao chavão. Há interpretações irrepetíveis. Aquelas versões ditas definitivas que, por diversas circunstâncias, conciliam a explosão e a prece, a luz e a pedra, o momento e o eterno.

Quem ouve Elizeth Cardoso cantando Barracão de Zinco, acompanhada por Jacob do Bandolim, sabe do que estou falando. Ou Milton cantando San Vicente. Tim Maia imortalizando Azul da Cor do Mar. Melodia e sua Magrelinha. Caetano em Terra. Gil em Domingo do Parque, quem ousa competir? “Gal cantando Balancê”, como diz o verso de Caetano. Ou cantando Folhetim, ou Antonico, ou Vaca Profana. E Elis, cortando os pulsos em Atrás da Porta? Dalva de Oliveira, Vassourinha, Orlando Silva, Luiz Gonzaga, Tonico e Tinoco, Roberto Carlos, Cazuza, Jackson do Pandeiro... E as gravações de Maria Bethânia, tantas vezes definitiva, de Chico Buarque a Raul Seixas? Como ouvir “Um Índio”, depois dela? Nem com o autor...

Pequenos cantores tentam imitar, grandes cantores fogem da comparação e procuram caminho próprio. O risco de cantar um sucesso de Clara Nunes é enorme, em qualquer roda de samba. Quando o resultado é muito bom, ainda é aquém, e sempre será.

Mas algumas vezes a regra falha. O holofote se abre, deixa de existir só um mito sob o halo. Alguns intérpretes loucos/divinos se arriscam, ultrapassam o medo do ridículo e das comparações, e se ombreiam ao “original”. Superar é coisa impossível, convenhamos. Mas que alguém chegue junto é um prêmio, um alento, uma sacudida nos valores estabelecidos.

Não é uma revolução, entenda bem. Quem cantaCartola como se fosse um rap ou um rock pratica uma subversão (sonoridade maliciosa: sub versão). O impacto real é o de quem entra no mesmo terreno sagrado, com as mesmas armas, e duela sem apelações.

Aconteceu comigo algumas vezes, assistir uma “versão definitiva” se esfarelar na minha frente. Gal gravou “Sua Estupidez” para sempre, até que um dia Ná Ozzetti sussurrou de tal forma que transformou a canção. Melodia cantando Cazuza. Ou Célia reconstruindo Adoniran.

Hoje tive outro alumbramento. Arícia Mess ousou se apropriar de Black isBeautiful, canção emblemática de uma época, imortalizada por Elis Regina. A composição dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle estourou na época da ditadura, e tinha uma carga simbólica muito grande. Black Panthers, Black Power, toda uma tomada de consciência da negritude que despontava no final dos anos 60, e seria bastante reprimida na década seguinte.

A branca Elis, de forma emocional. incorporou o papel de porta-voz daquele momento. A rua do Ouvidor estava cheio de brancos horríveis (alguns fardados...), e isso precisava mudar. A interpretação bluesy, cheia de glissandos e portamentos, era rasgada, arrepiante.

Arícia Mess não precisa gritar. Num clipe simples e genial, aparece com maquiagem pesada, carnavalesca, quase surreal. Canta de forma sedutora, de olhos fechados, sentindo a melodia na alma. No bis, vai aos poucos limpando a maquiagem. A pelenegra se revela,magnífica, senhora da canção e do direito de querer.

Arícia Mess está lançando um novo CD (Onde Mora o Segredo). Se tiver a qualidade desta canção/clipe, é imperdível.



terça-feira, 1 de novembro de 2011

Especial Pink Floyd

"THE PIPER AT THE GATES OF DAWN" (1967)
Definido por Paul McCartney como um “nocaute”, na época de seu lançamento, “The piper at the gates of down” marca a estreia do Pink Floyd em disco. Concebido e composto quase que inteiramente por Syd Barrett (autor de 8 das 11 canções e coautor das demais), o álbum traz faixas psicodélicas e pop ao mesmo tempo, num clima de ficção científica e experimentação. Guitarras estridentes, teclados perturbadores e muitos efeitos sonoros contribuem para a atmosfera alucinógena do disco, enquanto Syd canta sobre espantalhos (“The scarecrow”), gnomos (“The gnome”), animais (“Lucifer sam”) e I-Ching (“Chapter 24”). Com quase 10 minutos, a instrumental “Interstellar overdrive” é pontuada por um dos riffs de guitarra mais conhecidos da discografia da banda.



Pink Floyd relança discografia remasterizada com edições especiais
Vamos listar e comentar durante a semana os 14 álbuns de estúdio do grupo britânico reeditados.
'Dark side', 'Wish you were here' e 'The wall' ganham versões luxuosas.


São mais de 200 milhões de álbuns vendidos no mundo inteiro em quase 30 anos de carreira. E esse número deve subir mais ainda agora, com a mais completa reedição do catálogo da banda de rock britânica Pink Floyd. A coleção, que começou a ser relançada em setembro, não se restringe apenas a CDs, mas também a DVDs, blu-rays e demais formatos digitais, incluindo aplicativos para iPhone.

Os mais populares e de maior vendagem, "Dark side of the moon", "Wish you were here" e "The wall", ganharam versões expandidas contendo o álbum original remasterizado, um disco com material adicional e um livreto. Além destas, os fãs poderão adquirir também as luxuosas caixas Immersion, com os álbuns mixados em 5.1, DVDs, novo material gráfico e fotos inéditas. Por enquanto, apenas "Dark side" está disponível. No próximo dia 7, é a vez de "Wish you were here" ser relançado. Já a versão de luxo de "The wall" só sairá em 27 de fevereiro do ano que vem.

Simultaneamente chega ao mercado "A foot in the door – The best of Pink Floyd", uma coletânea com as canções mais conhecidas de todas as fases da banda reunidas pela primeira vez em um único álbum.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Memória
Quando o Chico Viola morreu
 
“Chora Estácio, Salgueiro e Mangueira/
Todo o Brasil emudeceu/
Chora o mundo inteiro/
O Chico Viola morreu/
Na voz do seu plangente violão/
Ele deixou seu coração/
Partiu, disse adeus, foi pro céu/
Foi fazer, foi fazer/
Companhia a Noel.”


(Chico Viola, de Wilson Batista e Nássara)


“Até a lua do Rio/
Num céu tranqüilo e vazio/
Não inspira mais amor/
O violão desafina/
Porque chora em cada esquina/
A falta do seu cantor...”


(Francisco Alves, de Herivelto Martins e David Nasser)



 Ele morreu há 59 anos, no dia 27 de setembro. Foi considerado por muitos o maior cantor do Brasil de todos os tempos (para outros, este título pertencia a Orlando Silva). Foi considerado também um comprador de sambas, carregando a fama de exigir seu nome nos créditos da canção alheia para poder gravá-la. Consta que Cartola e Ismael Silva tiveram que ceder inúmeros sambas para ele, em troca da gravação e de alguns caraminguás para o conhaque. Mas Francisco Alves foi também um artista muito querido por seus pares e amigos. O que provam, por exemplo, as duas homenagens póstumas acima prestadas por compositores do prestígio de Wilson Batista, Nássara, Herivelto Martins e David Nasser. As opiniões se dividiam quando o assunto era o caráter do Chico Viola (pseudônimo com qual assinou algumas autorias), mas quanto a um tema não existia controvérsia: era o rei da voz, dono de um gogó admirável.

O maior cantor do Brasil (insisto: para alguns, João Gilberto entre eles, esse título sempre pertenceu a Orlando Silva) foi também o que mais gravou. Em 33 anos de carreira (1919-1952) colocou na praça 525 discos em 78 rotações. Foram 983 gravações que serviram para revelar os nomes de compositores como Ary Barroso, Cartola, Ismael Silva e Lamartine Babo, além de cantores como Mário Reis, Dalva de Oliveira e Carmem Miranda, que com ele dividiram o microfone.

Francisco de Moraes Alves nasceu no Rio de Janeiro, no século retrasado, dia 19 de agosto de 1898. Era filho de imigrantes portugueses e começou a trabalhar aos 18 anos de idade, em uma fábrica de chapéus. Ainda na juventude flertou com o teatro, fazendo parte da Companhia de Espetáculos João de Deus Martins Chaves. Descoberto pelo compositor Sinhô (José Barbosa da Silva, 1888-1930), em 1919 gravou três sambas dele que fizeram muito sucesso no carnaval do ano seguinte: O pé de anjo, Fala meu louro e Alivia estes olhos.

Uma coisa jamais se contestou na carreira de Chico Viola: a versatilidade. Colocou sua voz a serviço de quase todos os gêneros musicais. Gravou sambas, marchas, canções românticas, toadas, maxixes, paródias, hinos, o que caiu em suas mãos. Também deu seus pitacos como instrumentista, tendo feito alguns discos em dueto de violões com o craque do instrumento Rogério Guimarães.

Francisco Alves jamais esquentou banco nas gravadoras. Passou por praticamente todas elas, principalmente as grandes. Gravou na Odeon (242 discos, de 1927 a 1934), Parlophon (57 discos, de 1928 a 1931), R.C.A (48 discos, de 1934 a 1937), Odeon novamente (26 discos, de 1937 a 1939), Colúmbia (15 discos, de 1939 a 1941) e outras.

Reconhecido pelos brasileiros como o maior nome do rádio e dos estúdios de gravação durante toda a sua trajetória artística, Francisco Alves teve a carreira interrompida no auge do sucesso, em 24 de setembro de 1952, por um acidente de carro. O Buick de sua propriedade chocou-se com um caminhão, na Via Dutra, e o artista morreu na hora. O país parou para chorar, por vários dias, a perda do grande ídolo.

Por ter trabalhado tanto, Francisco Alves gravou quase tudo o que se ouviu em sua época. Canções de qualidade e outras que foram ao disco apenas para cumprir tabela com as gravadoras. Mas algumas gravações marcaram profundamente os seus admiradores. Chuá-Chuá, Não quero saber mais dela, A malandragem, Deixa essa mulher chorar, Nem é bom falar e O que será de mim? (“Se eu precisar algum dia/De ir pro batente/Não sei o que será/Pois vivo na malandragem/E vida melhor não há...”).

Aerosmith faz show em São Paulo
Banda se apresentou neste domingo (30) no Anhembi.
Mesmo com chuva, show atraiu cerca de 32 mil pessoas.

A banda norte-americana Aerosmith se apresentou na noite deste domingo (30) no Anhembi, em São Paulo. A banda tocou as duas primeiras músicas com chuva, que não desanimou o público de cerca de 32 mil pessoas.

Nota
O vocalista do Aerosmith, Steven Tyler, de 63 anos, subiu ao palco com a banda às 20h20. Antes de vir para a capital paulista, o Aerosmith se apresentou no Paraguai, onde Tyler sofreu uma queda no quarto do hotel onde estava hospedado.

domingo, 30 de outubro de 2011

SWU, em Paulínia: prepare suas pernas para caminhar
Tamanho da nova arena, com quase 2 milhões de m², impressiona.
Festival acontece no interior de São Paulo entre 12 e 14 de novembro.


Grande. Se fosse possível escolher uma palavra para definir o local em que será realizado o SWU 2011, "grande" seria a escolhida. Sai a Fazenda Maeda, em Itu, e entra Paulínia, cidade do interior de São Paulo conhecida por ter se tornado o pólo da produção cinematográfica brasileira dos últimos anos.

A organização do evento afirmou que até esta semana apenas 40% da estrutura do evento está pronta. E realmente não dá para ter uma grande ideia de como ficarão os palcos, os brinquedos e as áreas de alimentação – tudo, resumindo. Mas o que se pode afirmar sem erro é que o público que escolher ir ao festival vai ter de andar bastante pela grama e pela terra (se a previsão for de chuva, não esqueça as galochas).


Segundo Eduardo Fischer, o idealizador do SWU, o novo espaço tem 1 milhão e 800 mil m². “É três vezes maior que o espaço do festival que aconteceu há um mês”, afirmou em coletiva de imprensa, sem citar o nome do Rock in Rio. Ele não está de brincadeira. As distâncias de um palco a outro, e são quatro, devem chegar a até 450m, de acordo com Mac Chriesler, diretor-geral do evento.

O Energia e o Consciência, os dos principais, ficam um em frente ao outro, não mais de “ladinho” como na edição passada. Eles estão a 150m de distância um do outro. É bastante coisa, tendo em vista que a organização planeja fazer os shows principais com intervalos de apenas cinco minutos. Simulação: no dia 12, o show do Snoop Dogg acaba às 21h25 no Palco Energia, enquanto o de Kanye West começa às 21h30 no Consciência.

Para evitar correria, ter a melhor vista dos dois palcos e ficar longe da aglomeração se movimentando, o melhor é ficar no meio dos da arena para ter uma visão privilegiada – vale lembrar que o Lounge Vip agora fica na lateral da arena (veja o mapa acima), que está sendo toda asfaltada.

 
Os palcos principais, aliás, ficam em uma superfície plana dessa vez, não mais no pé de um morro, como no SWU 2010. Piorou: no ano passado, era possível ver os shows mesmo de longe, do alto, com uma visão privilegiada. Agora é preciso subir um pequeno morro para chegar até o Energia e o Consciência. É o único jeito, pois a posição deles não permite que se enxergue nem os seus telões lá de baixo.

Segundo Chriesler, a tenda eletrônica Heinecken Greenspace fica a 450m dos palcos principais – ele é pequenina vista deles. Já o New Stage, que abriga shows menores, fica no meio do caminho – a 250m do Energia e do Consciência.

Se o público terá de andar bastante dentro do SWU, o mesmo não deve ocorrer do lado de fora. A edição 2011 aparentemente está melhor estruturada em termos de transporte e de alimentação. A estação de ônibus fica próxima à entrada principal e o estacionamento comporta até 15 mil vagas. O problema dele é ser longe das duas entradas, o que implica em mais caminhada pela frente.

Já a área do camping fica próxima da entrada principal, assim como o estacionamento destinado a quem ficar acampado por lá durante os três dias.

SWU 2011
Com mais de 70 atrações nacionais e internacionais, a segunda edição do festival acontece em Paulínia com Kanye West, Hole, Lynyrd Skynyrd, Sonic Youth, Snoop Dogg, Black Eyed Peas, Peter Gabriel, Megadeth, Damian Marley, entre outros.

Serão quatro palcos e uma área quatro vezes maior que a fazenda Maeda, em Itu, que recebeu a edição passada. São esperadas 70 mil pessoas por dia. O primeiro lote de ingressos para o festival começou a ser vendido no dia 11 de julho, pelo site www.ingressorapido.com.br.

O horário de abertura dos portões é 8h, para o fórum que começa às 10h. Para os shows, os portões serão abertos às 12h. As apresentações começam às 14h30 (new stage), às 15h (palcos principais) e às 13h15 (tenda eletrônica).

Saiba abaixo como ir até Paulínia:

Ônibus:

Linhas para Paulínia
Saída de São Paulo (Barra Funda, Terminal Tietê) - R$ 23,35
Saída de Campinas (rodoviárias) - R$ 2,90
Saída de Cosmópolis Indaiatuba, Americana e Sumaré - R$ 3,10 e R$ 3,30

Linhas para Campinas
São Paulo
Aeroporto de Cumbica - R$ 45
Aeroporto de Congonhas - R$ 40

Saída de Campinas
Aeroporto de Viracopos - R$ 9,90 (para rodoviária de Campinas)
Campinas - Paulínia - R$ 2,90

Linhas circulares em Paulínia
Todas custarão R$ 1

Estacionamento
Serão 16.500 vagas, sendo 1.500 destinadas ao camping.
O estacionamento custará R$ 100 para automóvel com um ou dois ocupantes e R$ 50 para van ou carros com mais de três ocupantes.